O estande da Imprensa Oficial do Estado do Pará (Ioepa) teve
um primeiro dia movimentado nesta quarta-feira (1º), na abertura da 24ª Feira
Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, na Arena Guilherme Paraense, o
Mangueirinho, com a realização de oficina, exposição e lançamento de três
livros. O governador Helder Barbalho visitou o estande e destacou a importância
do trabalho desenvolvido pela autarquia. "A Imprensa Oficial se
mantém como um dos pilares no setor da comunicação em nosso Estado, por meio da
divulgação dos atos governamentais e publicidade dos nosso decretos, e também
leva adiante, promove, produz e fomenta a cultura, por meio da sua política
pública do livro", disse Helder Barbalho.
O presidente Ioepa, Jorge Panzera, mostrou ao governador
Helder Barbalho os livros que estão sendo lançados no estamde e entregou a ele
alguns exemplares dos premiados no edital literário "Prêmio Dalcídio
Jurandir, que serão entregue no próximo sábado (04), na Arena Multivozes.
Panzera enfatizou que todo esse trabalbo é resultado da
criação da Editora Pública Dalcídio Jurandir, criada em decreto assinado pelo
governador Helder Barbalho na abertura da 23a Feira Pan-Amazônia do Livro e das
Multivozes, em 24 de agosto de 2019.
Panzera também destacou o trabalho intenso da equipe, as
oficinas do Portal do Conhecimento e os lançamentos dos três livros como
fatores imprescindíveis da participação da Ioepa na Feira do Livro, que segundo
ele coroaram “um trabalho de meses atrás, e prepara o espírito e o fôlego para
mais quatro dias de aventuras em torno do livro”.
Programação - Pela manhã, houve a oficina de história em
quadrinhos, com Maick Pinheiro, e na abertura da programação da tarde ocorreu a
exposição “Infâncias Violadas”, com ilustrações de diversas campanhas de
combate à violência sexual contra crianças e adolescentes e de combate ao
trabalho infantojuvenil.
Com 248 páginas e um vasto conteúdo para professores,
educadores, pais e sociedade em geral, o livro “Trabalho infantil: uma análise
do discurso de crianças e de adolescentes da Amazônia paraense em condição de
trabalho” foi o primeiro lançamento do estande da Ioepa. A obra é resultado da
tese de doutorado defendida pela professora e pesquisadora da Universidade
Federal do Pará (UFPA), Ana Paula Vieira e Souza, em 2014.
Hoje, Ana Paula é pesquisadora do Programa de Pós-Graduação,
Saberes e Linguagens do campus da UFPA em Bragança, no Nordeste do Pará, mas
informa que as pesquisas foram desenvolvidas desde 2007. “Eu escuto crianças.
Não importa o que elas falam, eu escuto, e não interessa o que o adulto diz
nessas interações, o trabalho infantil não é bom”, disse a pesquisadora, durante
o lançamento do livro, que poderá ser adquirido também com a própria autora.
Segundo ela, no discurso da burguesia a criança precisa
trabalhar pra não ficar no ócio, mas isso é “um portão para todas as formas de
violência e nega o direito da criança e do adolescente de viverem plenamente a
sua infância”. O livro custa R$ 40,00 e pode ser adquirido no estande da Ioepa.
Exercício literário - Às 16h30, o escritor e
pesquisador J.R. Ribeiro lançou “Madona de Plácido – crônicas de uma cidade e
seu orago”. Segundo o autor, se trata de um livro de crônicas da história de
Belém e do culto a Nossa Senhora de Nazaré, e como essas duas coisas se uniram
e criaram esse “imenso rio de gente” que é o Círio, em Belém. “O livro é um
exercício literário que propõe uma imersão na história do culto a Nossa Senhora
de Nazaré associado ao desenvolvimento da cidade de Belém”, explicou o autor.
Ele destacou ainda que o livro aborda a internacionalização
da colonização da Amazônia, com gente de todo o mundo vindo para a região,
influenciando e “criando” o “ser paraense” e a própria cidade de Belém.
“Ingleses, franceses, açorianos, portugueses, negros do Congo e Guiné-Bissau, e
muito mais gente veio pra cá e fez a Belém que conhecemos”, informou J.R.
Ribeiro.
O autor disse ainda que Belém estava enclausurada na Cidade
Velha, e em vez de crescer esparramada na frente do rio, a cidade tomou um rumo
diferente. “Ela veio na direção da Basílica, e tu vais vendo que todo o
desenvolvimento urbano da cidade vem nessa direção. Tanto que o bairro de
Nazaré foi o primeiro a ter bonde elétrico, foi o primeiro a ter luz elétrica,
o primeiro a ter água encanada, calçada de paralelepípedo importado da Europa”,
acrescentou.
O livro, para o autor, se destina a todos que gostam de
história e de uma narrativa universal. “As crônicas colocam Belém e Nossa
Senhora em uma história universal, porque se tu imaginares que a imagem de
Nossa Senhora vem de Jerusalém, passa 400 anos dentro de uma caverna na
península ibérica e, de lá, o culto vem pra Belém nas caravelas, então há todos
os elementos de uma história única e também reconhecível”, ressaltou. O livro
“Madona de Plácido” tem 308 páginas e custa R$ 50,00.
Memórias – Para encerrar o dia, às 21 h, foi lançado o livro
“Crônicas de Baião”. A obra tem 370 páginas e reúne crônicas de sete autores de
diferentes gerações, que narram suas memórias, impressões e vivências, tendo
como referência central o cotidiano, os costumes, os personagens, o folclore e
a cultura da cidade paraense de Baião, no Baixo Tocantins.
Os cronistas Antônio Fernando Ramos, Jonas Favacho, José de
Souza, Josias Coutinho Favacho, Patricia Viégas, Rosinaldo Borges e Thais
Pontes usam uma linguagem simples, muitas vezes se utilizando da prosódia e do
sotaque típico dos caboclos da região, para narrar as crônicas, essencialmente
memorialísticas.
Jonas Favacho disse que o objetivo é tornar populares as histórias
contadas pelo povo. Para ele, o “contar histórias deve se tornar uma prática,
com as pessoas relatando suas vivências e as crônicas de seu tempo. Os
personagens que estão aqui no livro não morrem mais”.
Segundo o coordenador da Editora Pública Dalcídio Jurandir,
Moisés Alves, foi uma satisfação editorar e publicar o livro. “As crônicas
fazem um resgate do folclore, das manifestações artísticas e das demonstrações
culturais e literárias de Baião. É um resgate da memória e da história daquele
município, que se confunde com a história da construção do Estado do Pará e da
região”, afirmou Moisés Alves. “Crônicas de Baião” tem 370 páginas, custa R$
40,00 e está à venda nas lojas da Imprensa Oficial do Estado, na banca do
Alvino e com Antônio Fernando Ramos.
*Com informações de Railidia Carvalho e Julie Rocha
Texto: Ailson Braga - Ascom/Ioepa