O governador assinou na comunidade de Guajará-Miri, no Acará, decreto que aperfeiçoa a política de inclusão social para os quilombolas do Estado
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A presidente do Idesp, Adelina Braglia, disse que o decreto tem grande significado para a retomada da estruturação de políticas específicas para o segmento
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Representantes das cerca de 34 comunidades do Acará, que englobam 1,5 mil famílias, compareceram à cerimônia de assinatura do decreto
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Com o objetivo de aperfeiçoar a política de inclusão social, criada
com o programa Raízes, o governador Simão Jatene assinou, no sábado
(19), o decreto que institui a política de apoio às comunidades
remanescentes de quilombos, na comunidade de Guajará-Miri, no município
de Acará, nordeste paraense. A cerimônia teve a presença de secretários
de Estado e autoridades municipais.
Ao assinar o
decreto, Simão Jatene ressaltou a importância da retomada do apoio à
comunidade. “É impossível pensar no Brasil de hoje sem a contribuição
que o negro deu para a construção dessa sociedade. Essas pessoas deram
uma contribuição enorme na nossa economia e na formação da nossa
cultura, do nosso modo de ser. Tudo isso que estamos vivendo hoje é
resultado da luta de muitos. Hoje essa é uma luta nossa”, afirmou.
A criação da política de apoio reconhece e também reafirma a obrigação
do governo e da sociedade de garantir uma instância de diálogo para a
formulação coordenada de políticas de desenvolvimento para as
comunidades quilombolas, com a participação de representantes das
comunidades e de vários órgãos governamentais. Com projeto em fase de
elaboração, além dos quilombolas, as comunidades indígenas também
deverão irão dispor de uma política similar.
Segundo o coordenador das comunidades quilombolas do Pará (Malungu),
José Carlos Galiza, a criação de política específica representa um novo
marco para comunidades do Pará. “Mais do que sensibilidade é preciso
compromisso, com ações como essa. Essa retomada no trabalho pelas nossas
comunidades nos enche de esperança, pois agora estamos ligados a uma
forma de trabalho mais articulada para que os recursos cheguem a cada
uma das nossas comunidades”, disse.
Na chegada ao
município de Acará, Jatene se reuniu com diversas autoridades na praça
matriz da cidade, onde assinou uma ordem de serviço de R$ 769 mil para
pavimentação de cinco quilômetros de vias urbanas da localidade. Na
ocasião, o governador também entregou viaturas para a Polícia Militar.
Acompanhado de secretários de Estado, ele saiu em caminhada pela orla da
cidade e recebeu o agradecimento da população.
Valorização –
A presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e
Ambiental do Pará (Idesp), Adelina Braglia, destacou que o decreto tem
um grande significado para a retomada da estruturação de políticas
específicas para o segmento. “Sem dúvida, é mais uma grande conquista.
Além dos efeitos práticos, que será no sentido de apoiar os projetos de
desenvolvimento dessas comunidades, essa política resgata também a
necessidade de se abrir cada vez mais a discussão de que somos um país
de iguais, mas com diferenças que precisam ser respeitadas”, considerou.
Para o Governo do Pará, o decreto simboliza a retomada de um trabalho
já executado na gestão anterior do governador Simão Jatene, com a
criação do programa Raízes, em 2000, que conseguiu alcançar resultados
expressivos. “A interrupção dele trouxe prejuízos tanto para as
comunidades, quanto para o próprio conjunto de governo, que não o
aprimorou e não avançou, inclusive no combate ao racismo institucional. É
preciso que os governos também trabalhem por dentro, para uma visão de
respeito à diversidade cultural e étnica”, disse a presidente do Idesp.
Embora com a mesma motivação, de garantir a participação do governo e
comunidade nas ações coordenadas para o desenvolvimento das comunidades
quilombolas, Adelina explicou que a política de apoio às comunidades
remanescentes de quilombos não representa uma reprodução do programa
Raízes, e sim o seu aprimoramento. “Assim a política tem um espectro
muito mais amplo e garante a participação dos quilombolas nas discussões
e definição das prioridades de ação do governo, por meio do Plano
Plurianual do Pará”, arrematou.
A partir de agora,
será composto um comitê com número igual de representantes do governo e
das comunidades (sete de cada esfera). Pelo comitê, partir de janeiro,
passarão todas as discussões de ações e recursos em benefício das
comunidades remanescentes de quilombos.
Terras – Existem
no Pará mais de 400 comunidades remanescentes de quilombos, das quais
188 têm suas terras tituladas. Na região do baixo e alto Acará estão
inseridas 34 comunidades quilombolas, que representam mais de 1,5 mil
famílias. Recentemente, 14 comunidades quilombolas do município já foram
beneficiadas direta e indiretamente com títulos concedidos pelo governo
do Estado, em favor de cerca de 300 famílias, totalizando um total
aproximado de 3,2 hectares, repassados às comunidades remanescentes de
quilombos locais.
O Pará também foi o primeiro
Estado do país a conceder desapropriação por interesse social. Em favor
da comunidade de Itacoã-Miri, vizinha de Guajará-Miri, o governador
Simão Jatene, em 2002, assinou o primeiro decreto do Brasil desta
natureza a beneficiar uma comunidade remanescente de quilombo, com uma
área de 1.024 hectares. Posteriormente, o decreto resultou na concessão
do título de reconhecimento deste domínio.
Novamente com a atenção voltada para as comunidades quilombolas, a
expectativa é avançar nos números de títulos concedidos. “Nossa
prioridade ainda é a titularização das terras. Esse é um passo essencial
para preservar a identidade cultural e étnica das comunidades. Com essa
política específica retomamos o avanço nesse sentido. Até porque não
basta conceder o título, sem que a comunidade disponha de
infraestrutura”, disse o diretor do Departamento de Promoção e Igualdade
Racial da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Cláudio
Márcio.
Fonte: Agência Pará