Celebrado nesta terça-feira (15), o bicentenário da
Adesão do Pará à Independência do Brasil ainda é motivo de inúmeras pesquisas
lideradas por historiadores paraenses, que buscam encontrar e revelar detalhes
do período e, principalmente, a participação popular nos levantes contra o
domínio português.
Parte desses estudos foi transformada em livros
impressos, e-books e documentários. O material foi apresentado em uma cerimônia
comemorativa nesta terça-feira (15) no Museu do Estado do Pará, local onde foi
assinada a ata original de Adesão do Pará à Independência.
O projeto é uma iniciativa da Secretaria de Estado
de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), com
apoio das secretarias de Cultura (Secult), e de Igualdade Racial e Direitos
Humanos (Seirdh), além das universidades Federal (UFPA) e do Estado do Pará
(UEPA) e da Editora Cabana.
Durante o evento, pesquisadores ressaltaram a
importância da data e os contextos históricos que levaram a diversos eventos
marcantes no período, mas pouco divulgados atualmente.
Estudante do curso de História, no campus da Uepa,
em São Miguel do Guamá, Ana Carina Guedes prestigiou o evento e falou sobre a
oportunidade de ver e ouvir sobre a participação popular naquele período.
“É super importante que possamos ouvir outras
versões sobre aquele momento, principalmente sobre participação das diversas
camadas sociais nas lutas por liberdade. O povo negro, por exemplo, sempre teve
participação nessas lutas, e a história que nos é apresentada não traz isso
como deveria. Então, essa democratização da informação, para além de espaços
acadêmicos, possibilita entendermos os anseios de cada povo na época e como
isso se apresenta hoje”, conta a estudante de 21 anos.
Para a secretária adjunta de Igualdade Racial e
Direitos Humanos (Seirdh), Edilza Fontes, a disponibilização das pesquisas,
livros e documentários são um recorte importante das lutas por independência no
Brasil, que resultaram em conflitos marcados pela violação de direitos humanos.
“Em todos esses acontecimentos que levaram à
Independência do Brasil, se cultivava a ideia de um país livre. Aqui no Pará,
isso veio de todas as classes sociais, principalmente de negros e índios
escravizados e de brancos pobres. Nós tivemos pessoas que foram presas,
deportadas para Portugal e até condenados à morte. Meses depois, em novos
levantes por uma verdadeira independência, centenas de paraenses foram mortos
em um navio de forma trágica. Então, toda essa história precisa ser divulgada
para que possamos democratizar esses debates, discutindo os múltiplos papéis
sociais e a violação de direitos humanos, como mecanismo de não repetição”,
explicou Edilza Fontes.
Ao todo, o projeto “Bicentenário da Independência
do Brasil no Pará” disponibiliza três e-books baseados em teses de mestrado e
doutorado, dois livros raros reimpressos (Revista IHGP: ensaios sobre a
Independência do Brasil no Pará, e Grenfell na História do Pará), um
documentário (Dois séculos de história: as narrativas sobre a independência no
Brasil no Pará), e um podcast (Quem conta História?).
Fonte: Ascom IOEPA